Por FÁBIO DO NASCIMENTO FONSÊCA
(fabionfonseca@gmail.com)
A exemplo
do que já havia ocorrido com a publicação de indicadores do IDEB, em meados do
ano passado, a Paraíba, mais uma vez foi destaque negativo no noticiário
nacional, com a divulgação de dados do Censo Demográfico de 2010, relativos às
taxas de analfabetismo entre a população com mais de 15 anos de idade. Embora
registre um declínio, quando comparada à taxa de 2000 (29,7%), a taxa de
analfabetismo de 21,6% entre pessoas de quinze anos, de acordo com o Censo de
2010, é a terceira pior do país, ficando atrás apenas de Alagoas (24,6%) e Piauí (23,4%) e bem acima da média nacional, que decresceu de
13,6% em 2000 para 9,6% em 2010.
Quando os
dados se referem ao analfabetismo
funcional (conforme dados da PNAD/IBGE – 2009), os números se elevam para
33,4% da população na faixa etária a partir dos quinze anos. Por analfabetismo funcional, a UNESCO (Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) define toda a pessoa que,
embora consiga escrever seu próprio nome, além de ler e escrever frases simples
e efetuar cálculos básicos, não demonstre capacidade de interpretar o que o que
lê e nem de utilizar a leitura e escrita no dia-a-dia.
Outro destaque
negativo para o Estado, também revelado pelo Censo de 2010: entre os municípios
brasileiros com piores taxas de analfabetismo entre pessoas com quinze anos e
mais, dois estão na Paraíba. São os municípios de São Francisco (31,5%) e
Maturéia (28,1%).
Em resposta à
divulgação dos dados, o secretário de educação do Estado da Paraíba, Afonso
Celso Scocuglia informou que a Secretaria de Educação tem priorizado programas
de alfabetização de adultos (ver matéria no site “TODOS
PELA EDUCAÇÃO”). Segundo o secretário, cerca de 40 mil paraibanos, acima de 15 anos de idade, estão matriculados no programa Brasil
Alfabetizado. Outros programas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), segundo o
mesmo, atingem cerca de 80 mil pessoas no Estado.
Indiscutivelmente,
ações no campo da educação de jovens e adultos, além de importante contribuição
para o enfrentamento da questão o analfabetismo, constituem ainda o resgate de
uma dívida histórica para com aqueles que foram privados do acesso à escola,
quando crianças e adolescentes, ou tiveram que abandoná-la pelas mais variadas
razões (necessidade do trabalho, migração e, em muitos casos, pela própria
inexistência de escolas para o prosseguimento de estudos nas localidades em que
viviam). Entretanto, sem a atenção aos problemas que afligem à educação básica
de crianças e adolescentes (a exemplo da persistência dos elevados índices de
retenção, reprovação, evasão e distorção idade/série – ver “post” sobre INDICADORES
EDUCACIONAIS DA PARAÍBA), as altas taxas de analfabetismo, absoluto ou
funcional, continuarão sendo alimentadas pela reprodução do fracasso escolar
nos níveis elementares da escolarização. Portanto, a efetiva erradicação do
analfabetismo no Estado requer estratégias em que se articulem a oferta de
oportunidades educacionais aos que foram excluídos da escola na chamada “idade
regular” – através de programas e projetos de educação de jovens e adultos – e
ações no sentido de sanar as deficiências no atendimento escolar básico,
sobretudo nas séries iniciais do ensino fundamental.
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